A Viuvinha é o terceiro romance de autoria de José de Alencar, escritor brasileiro, publicado em 1857 e atualmente esta obra encontra-se sob domínio público. A obra inclui-se entre os chamados romances urbanos, que retratam os costumes da sociedade carioca do Segundo Reinado.
Sinopse : No Rio de Janeiro de 1844, dois jovens se apaixonam, Jorge e Carolina. Jorge era rico, o herdeiro de uma fortuna deixada pelo pai, mas ao tomar posse da riqueza, não sabe administrá-la e perde tudo em jogos e diversões. Quando conhece Carolina de quem fica noivo, já está falido e deve muito dinheiro a várias pessoas, então começa seu drama: se romper o noivado, deixará Carolina em situação ruim e com sua reputação prejudicada. Ele então resolve se casar para logo depois cometer suicídio. Na noite de núpcias, dá a Carolina uma bebida que a faz cair num sono profundo e vai embora de casa, intentando suicidar-se numa praia deserta, nesse momento, a história...
Estilo ; Apesar de ser considerado escrito no formato de carta, o autor da missiva não somente conta a história em terceira pessoa - não tendo participação nos eventos - como ainda exerce a função de narrador onisciente e onipresente
Estratto : SE passasse há dez anos pela praia da Glória, minha prima,
antes que as novas ruas que abriram tivessem dado
um ar de cidade às lindas encostas do morro de Santa Teresa,
veria de longe sorrir-lhe entre o arvoredo, na quebrada da
montanha, uma casinha de quatro janelas com um pequeno
jardim na frente.
Ao cair da tarde, havia de descobrir na última, das janelas
o vulto gracioso de uma menina que aí se conservava imóvel
até seis horas, e que, retirando-se ligeiramente, vinha pela portinha
do jardim encontrar-se com um moço que subia a ladeira
e oferecer-lhe modestamente a fronte, onde ele pousava um beijo
de amor tão casto que parecia antes um beijo de pai.
Depois, com as mãos entrelaçadas, iam ambos sentar-se a
um canto do jardim, onde a sombra era mais espessa, e aí
conversavam baixinho um tempo esquecido; ouvia-se apenas O
doce murmúrio das vozes, interrompidas por esses momentos
de silêncio em que a alma emudece, por não achar no vocábulo
humano outra linguagem que melhor a exprima.
O arrulhar destes dois corações virgens durava até oito
horas da noite, quando uma senhora de certa idade chegava auma das janelas da casa, já então iluminada, e, debruçando-se
um pouco, dizia com a voz doce e afável.
-- Olha o sereno, Carolina!
A estas palavras os dois amantes se erguiam, atravessavam
o pequeno espaço que os separava da casa e subiam os
degraus da porta, onde eram recebidos pela senhora que os
esperava.
-- Boa noite, D. Maria, dizia o moço.
-- Boa noite, sr. Jorge ; como passou? respondia a boa
senhora.
A sala da casinha era simples e pequena, mas muito elegante;
tudo nela respirava esse aspecto alegre e faceiro que
se ri com a vista.
Aí nessa sala passavam as três pessoas de que lhe falei
um desses serões de família, íntimos e tranqüilos, como já não
os há talvez nessa bela cidade do...
Biografia : José Martiniano de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi um escritor e político brasileiro. É notado como escritor, sendo fundador do romance de temática nacional e patrono da Academia Brasileira de Letras, e como político por sua tenaz defesa da escravidão no Brasil e por ter sido Ministro da Justiça do Brasil.
Filho ilegítimo do padre e mais tarde senador José Martiniano Pereira de Alencar e de sua prima D. Ana Josefina de Alencar, era irmão do barão de Alencar, sobrinho de Tristão Gonçalves, neto de Bárbara de Alencar e primo em segundo grau do barão de Exu. Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e no Diário do Rio de Janeiro. Casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), sendo pai do embaixador Augusto Cochrane de Alencar.
Sinopse : No Rio de Janeiro de 1844, dois jovens se apaixonam, Jorge e Carolina. Jorge era rico, o herdeiro de uma fortuna deixada pelo pai, mas ao tomar posse da riqueza, não sabe administrá-la e perde tudo em jogos e diversões. Quando conhece Carolina de quem fica noivo, já está falido e deve muito dinheiro a várias pessoas, então começa seu drama: se romper o noivado, deixará Carolina em situação ruim e com sua reputação prejudicada. Ele então resolve se casar para logo depois cometer suicídio. Na noite de núpcias, dá a Carolina uma bebida que a faz cair num sono profundo e vai embora de casa, intentando suicidar-se numa praia deserta, nesse momento, a história...
Estilo ; Apesar de ser considerado escrito no formato de carta, o autor da missiva não somente conta a história em terceira pessoa - não tendo participação nos eventos - como ainda exerce a função de narrador onisciente e onipresente
Estratto : SE passasse há dez anos pela praia da Glória, minha prima,
antes que as novas ruas que abriram tivessem dado
um ar de cidade às lindas encostas do morro de Santa Teresa,
veria de longe sorrir-lhe entre o arvoredo, na quebrada da
montanha, uma casinha de quatro janelas com um pequeno
jardim na frente.
Ao cair da tarde, havia de descobrir na última, das janelas
o vulto gracioso de uma menina que aí se conservava imóvel
até seis horas, e que, retirando-se ligeiramente, vinha pela portinha
do jardim encontrar-se com um moço que subia a ladeira
e oferecer-lhe modestamente a fronte, onde ele pousava um beijo
de amor tão casto que parecia antes um beijo de pai.
Depois, com as mãos entrelaçadas, iam ambos sentar-se a
um canto do jardim, onde a sombra era mais espessa, e aí
conversavam baixinho um tempo esquecido; ouvia-se apenas O
doce murmúrio das vozes, interrompidas por esses momentos
de silêncio em que a alma emudece, por não achar no vocábulo
humano outra linguagem que melhor a exprima.
O arrulhar destes dois corações virgens durava até oito
horas da noite, quando uma senhora de certa idade chegava auma das janelas da casa, já então iluminada, e, debruçando-se
um pouco, dizia com a voz doce e afável.
-- Olha o sereno, Carolina!
A estas palavras os dois amantes se erguiam, atravessavam
o pequeno espaço que os separava da casa e subiam os
degraus da porta, onde eram recebidos pela senhora que os
esperava.
-- Boa noite, D. Maria, dizia o moço.
-- Boa noite, sr. Jorge ; como passou? respondia a boa
senhora.
A sala da casinha era simples e pequena, mas muito elegante;
tudo nela respirava esse aspecto alegre e faceiro que
se ri com a vista.
Aí nessa sala passavam as três pessoas de que lhe falei
um desses serões de família, íntimos e tranqüilos, como já não
os há talvez nessa bela cidade do...
Biografia : José Martiniano de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi um escritor e político brasileiro. É notado como escritor, sendo fundador do romance de temática nacional e patrono da Academia Brasileira de Letras, e como político por sua tenaz defesa da escravidão no Brasil e por ter sido Ministro da Justiça do Brasil.
Filho ilegítimo do padre e mais tarde senador José Martiniano Pereira de Alencar e de sua prima D. Ana Josefina de Alencar, era irmão do barão de Alencar, sobrinho de Tristão Gonçalves, neto de Bárbara de Alencar e primo em segundo grau do barão de Exu. Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e no Diário do Rio de Janeiro. Casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), sendo pai do embaixador Augusto Cochrane de Alencar.