A leitura de Dom Casmurro é uma aventura inesquecível. Seja para desvendar as dubiedades de seu universo ficcional, seja para entender a psicologia das personagens, as idiossincrasias da organização social brasileira, seja para entender o espírito humano. Sobretudo é um desafio que se impõe ao leitor: acreditar ou não na tênue e claudicante narrativa de Bentinho. Amar ou odiar Capitu? Ter pena ou detestar Bentinho? Ou nada disso, apenas mergulhar naquele universo enevoado e tentar entender os fatos para responder à questão colocada pelo autor: “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.”
Infelizmente, seja lá qual for a resposta que o leitor der a essa questão de Bentinho, a devastação está consumada, o travo da dúvida e o amargor da incerteza hão de acompanhá-lo para a eternidade. Se as amigas da viuvez não o fizeram se esquecer da primeira amada, se o esforço para reconstruir a velha casa de Mata-cavalos na do Engenho Novo para unir as duas pontas da vida não lograram amainar a angústia, a sua resposta, leitor, infelizmente, também não vai afastar da velhice de Bentinho a solidão, a amargura e, talvez, o arrependimento.
Infelizmente, seja lá qual for a resposta que o leitor der a essa questão de Bentinho, a devastação está consumada, o travo da dúvida e o amargor da incerteza hão de acompanhá-lo para a eternidade. Se as amigas da viuvez não o fizeram se esquecer da primeira amada, se o esforço para reconstruir a velha casa de Mata-cavalos na do Engenho Novo para unir as duas pontas da vida não lograram amainar a angústia, a sua resposta, leitor, infelizmente, também não vai afastar da velhice de Bentinho a solidão, a amargura e, talvez, o arrependimento.