“Este ensaio da Professora Alva Martínez Teixeiro estuda a obra ímpar de Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 1919 - Lisboa, 2004) que, à margem dos standards estéticos do seu tempo, representa uma das vias possíveis de retorno à pura necessidade intelectual de beleza, verdade e sabedoria. Através de valores como o de um domínio estético excecional, um luminoso saber intuitivo equilibrado com uma poderosa capacidade intelectual e uma certa vontade tutelar, a representação literária que a autora nos oferece apresenta-se como fundadora de um mundo diferente, ou antes, de um sentido diferente para o mundo.
Dos géneros diversos em que se manifesta a sua escrita, emana um certo valor arcangélico e, ao mesmo tempo, perturbador, mas sempre luminoso dentro de uma meteorologia escritural variável. Neste sentido, a essência da poesia de Sophia deriva da exigência de esclarecimento a partir da oposição contra qualquer forma de mistificação ontológica e/ou moral, como a indiferença, a alienação, a mentira ou a injustiça.
Esta orientação conduz, necessariamente, a uma separação, a maior possível, da banalização do real. A possibilidade da literatura numa civilização dominada por um estreito racionalismo conformista ou, na melhor das hipóteses, cinicamente pessimista torna-se assim um problema específico da escrita da autora portuguesa que esta soluciona por duas vias: afasta-se do mundo para oferecer uma idealidade só possível no espaço da arte ou, num movimento oposto, encara desde o seu próprio centro a circunstância contemporânea como única possibilidade de negá-la de modo fundamentado. ”
Dos géneros diversos em que se manifesta a sua escrita, emana um certo valor arcangélico e, ao mesmo tempo, perturbador, mas sempre luminoso dentro de uma meteorologia escritural variável. Neste sentido, a essência da poesia de Sophia deriva da exigência de esclarecimento a partir da oposição contra qualquer forma de mistificação ontológica e/ou moral, como a indiferença, a alienação, a mentira ou a injustiça.
Esta orientação conduz, necessariamente, a uma separação, a maior possível, da banalização do real. A possibilidade da literatura numa civilização dominada por um estreito racionalismo conformista ou, na melhor das hipóteses, cinicamente pessimista torna-se assim um problema específico da escrita da autora portuguesa que esta soluciona por duas vias: afasta-se do mundo para oferecer uma idealidade só possível no espaço da arte ou, num movimento oposto, encara desde o seu próprio centro a circunstância contemporânea como única possibilidade de negá-la de modo fundamentado. ”